Olá amiguinhos!
Já tem tempo que não publico nada por aqui e vários
acontecimentos já estão acumulados para uma só publicação. Por isso vou fazer
duas publicações diferentes, assim ninguém se cansa muito lendo uma só
publicação. A última vez que escrevi eu ainda estava nas férias de inverno
daqui, e ainda deu tempo de conhecer alguns lugares legais.
Escrevo então, especialmente hoje, que faz onze meses que
cheguei em Dresden.
Londres – Inglaterra
Entendam que eu não tinha mais grandes disponibilidades de
tempo e de dinheiro antes de qualquer julgamento, mas acreditem: meu passeio
por Londres teve a duração de um dia completo, pois cheguei muito tarde no dia
anterior e fui embora bem cedo no dia seguinte. Mesmo assim, deu para fazer
bastante coisa, mais do que eu esperava. Ainda mais, tive a sorte de ter um dia
totalmente azul para o meu passeio, coisa bem rara em Londres. O meu tour foi
praticamente feito todo a pé, e foi o tempo de andar por vários monumentos das
cidades, como o Big Ben, a London Eye, a prefeitura de Londres, Tower Bridge –
e ainda sentar e relaxar no The Regent’s Park e no Hyde Park. Eu não planejava
isso, mas ainda tive a sorte de assistir à troca da guarda real no palácio de
Buckingham. Estava ali bem perto andando e coincidiu estar perto da hora, daí
só fiquei ali esperando um pouco e assisti.
A atmosfera de Londres é total de cidade grande. As pessoas
não param um segundo, as coisas correm. Se você vê alguém tranquilo, andando
lentamente e admirando as coisas, provavelmente trata-se de um turista. Bem no
final do dia eu peguei uma linha de metrô que levava às redondezas do hostel
que eu estava ficando. Eu estava tão cansado que cheguei a cochilar no trajeto.
Mas não era bem isso que eu ia dizer: no caminho para a estação de metrô, eu me
deparei com o céu de Londres numa cor surrealmente linda, ainda deixando mais
nítido os desenhos dos arranha-céus. O que era mais chocante é que as pessoas
andavam loucamente sem nem se preocupar com isso. Já eu fui diminuindo meu
passo lentamente, até a hora que encostei num cantinho onde não passava
ninguém, me sentei e fiquei olhando aquilo por uns 15 minutos.
Passado o episódio do cochilo no metrô, cheguei no hostel,
liguei a internet, fiz uma comunicação de uns 5 minutos com meu irmão pra dizer
que estava tudo bem e simplesmente caí na cama e dormi loucamente.
Me disseram que fui abençoado por ter esse tempo ensolarado. Dizem que é muito raro sol assim, em março, em Londres.
Rotterdam – Holanda
De Londres peguei um vôo até Eindhoven, na Holanda. Lá
encontrei o Filipe e pegamos um trem para Rotterdam. Para ser bem sincero, eu
não tinha pesquisado nada sobre Rotterdam. O Filipe almejava conhecer as casas
cúbicas e tinha reservado “um hostel perto das casas cúbicas”. Ele me convidou
para ir junto e eu pensei que poderia ser uma oportunidade interessante de
conhecer um lugar diferente. Bom, eu nem sabia como era a cidade e agora posso
vos afirmar que é uma cidade muito interessante. Ela meio que parece uma grande
exposição de Arquitetura e Design, visto que a cidade tem muitos prédios bem
estilosos e inovadores. Quando chegamos lá, o hostel que era para ser,
teoricamente, perto das casas cúbicas, era na verdade “um dos cubos”, o que nos
deixou bem eufóricos.
O Mercado de Rotterdam também é uma construção bem
interessante que já tinha me chamado a atenção antes, pois ele foi um dos
exemplos apresentados nas aulas de Urbanismo aqui na Alemanha. Para vocês
verem: eu estava tão perdido e desinformado que eu nem sabia que eu estava indo
para a cidade do mercado.
O povo de Rotterdam é bem na dele, tem um senso de humor
agradável e sabem rir educadamente de situações bobas que nós, turistas,
passamos. Não foram antipáticos em momento algum. Inclusive, enquanto
passeávamos pela cidade, acabamos indo num parque onde estava tendo uma reunião
de cachorros, e isso me deu uma saudade apertada do Kiko.
Danado no mercado
Estocolmo – Suécia (e o Stockholm Tap Festival)
Já em aula, tive que pedir para a professora que eu pudesse
apresentar o trabalho na semana seguinte, pois na primeira semana de abril eu
participaria do STOCKHOLM TAP FESTIVAL, em Estocolmo, na Suécia. Deixei Dresden
no dia 31 de março, em que também foi o dia em que me despedi da Carem, pois
ela voltou pra Florianópolis alguns dias depois (e deixou aqui comigo um monte
de saudade). Pois bem, passei uma noite em Berlim na casa do Yuri e no dia
seguinte peguei meu vôo para Estocolmo. Uma proposta um tanto fria, mas por uma
excelente causa: participar do festival de sapateado de lá. Fiquei do dia 1º de
abril até o dia 12, quando voltei para casa, e posso dizer para vocês, meus
caros: foi o melhor investimento que eu poderia ter feito.
O STF seria mais ou menos um final de semana com várias
Master Classes e eventos de sapateado como JAMs, Cutting Contest, Espetáculo
etc; e depois a semana de “residências”, onde a gente escolhe uma proposta de
um professor e trabalha especificamente ela durante a semana. O festival ainda
ofereceu, para quem ia fazer os cursos, a possibilidade de ficar no alojamento
(que nada mais era que uma escola de dança). Sim, eu acampei na sala de dança.
Levei junto colchão de ar, roupa de cama e essas coisas. Para ser bem sincero,
foi uma excelente ideia, porque fiz vários amigos de vários lugares do mundo e
ainda economizei uma grana. E QUE GRANA! Estocolmo é uma cidade absurdamente
cara, onde até as coisas no supermercado são caras!
A princípio eu pensei que eu ficaria totalmente sozinho lá,
mas isso não aconteceu, porque: 1. O Renato, meu amigo sapateador do Rio de
Janeiro, também foi para o festival porque ele ganhou bolsa! 2. Todas as
pessoas foram extremamente gentis, simpáticas e acessíveis. Não é por nada, mas
geralmente as pessoas da dança são assim. É aquela velha história: quem dança é
feliz.
Contamos com aulas de professores muito bons, como Sam
Weber, Jason Janas, Joseph Wiggan, Sarah Reich, Heather Cornell, Jason Samuels
Smith e outros nomes fortes do sapateado internacional. Eu não sei medir o quão
inspirador foi ter essa experiência. Ter a possibilidade de fazer aula com
grandes mestres da atualidade, conhecer muitas pessoas talentosas de universos
que não se resumem a Estados Unidos e Brasil (que era o contato que eu tivera
até então), poder participar de um festival que é considerado um dos maiores do
mundo. Saí dessa história totalmente renovado, com energias novas para investir
no que gosto. O que pensei foi que, além de voltar ao Brasil com uma
experiência na área de Arquitetura, eu ainda vou poder contribuir com a dança,
que eu acredito ser tão importante quanto. Já tinha cogitado participar desse
festival algum dia, mas este estava bem distante no meu calendário, pois não é
tão fácil assim ir até a Suécia. Estando aqui perto, foi um sonho que se tornou
realidade.
Eis alguns amigos que conheci em Stockholm. Todos sapateadores, da França, Bolívia, Polônia e Suíça (e eu e o Renato).
Eis alguns amigos que conheci em Stockholm. Todos sapateadores, da França, Bolívia, Polônia e Suíça (e eu e o Renato).
Praga – República Tcheca (revisitada)
Sim, mais uma visita a Praga. Dessa vez, acompanhada dos
meus queridos Barbosa e Yuri. Ambos ainda não tinham visitado a capital tcheca,
e pelo fato desta ser a mais ou menos 2h de Dresden (de ônibus), eles
aproveitaram o feriado de 1º de maio e vieram até aqui. Fomos juntos visitar o
outro país. Como já disse a vocês, podemos visitar uma cidade mil vezes, sempre
aprenderemos algo novo (mesmo porque elas estão em constante mudança). Essa
nossa visita só confirmou a minha teoria. Dessa vez, a grande novidade foi a “casa
dançante” (The Dancing House), do arquiteto tcheco-croata Vlado Milunić.
Dizem que é um prédio de escritório apenas. Compartilho uma foto com vocês!
Poucas foram as vezes em que comi na rede de fast food
Kentucky Fried Chicken. Na verdade, eu nem me lembrava da última vez em que eu
tinha comido no KFC. Pois dessa vez propus que fôssemos lá e comêssemos um
balde de frangos. Passamos mal.
Também posso dizer que foram poucas as vezes que eu dancei
com alguma banda de jazz no meio da rua. Aproveitei a oportunidade em Praga e,
desde então, isso tem se tornado um hábito.
Um brinde de franguinhos do KFC. Eis que surge nosso enjôo depois.
Sächsische Tour – Sächsische Schweiz
Dando continuidade a bela Saxônia, dessa vez conheci a Sächsische
Schweiz, conhecida também como “Suíça da Saxônia” ou “Suíça Saxã”. Conhecemos,
na verdade. Yuri e Barbosa me acompanharam nessa jornada, juntamente do nosso
querido Caetano, também de Florianópolis. Caros leitores, vos afirmo que foi um
passeio do qual não esperávamos tanta coisa divertida. Além de uma paisagem
deslumbrante e de muitas flores colorindo o cenário, realizamos algumas trilhas
subindo as montanhas de arenito e ainda andamos de pedalinho e de barco a remo.
A temperatura já era agradável, o frio não afetava mais tanto e tivemos a sorte
de pegar um belo dia. Pudemos desfrutar de sorvetes e outras coisinhas do tipo.
Meus caros amigos, fico por aqui hoje. Falei um pouco do que
ocorreu em março, abril e começo de maio já. Na próxima publicação faço mais
considerações do que aconteceu até agora em julho. O verão chegou, e chegou com
muita força! Estamos circulando entre temperaturas de 26ºC (de noite) até 37ºC
(de dia). Acho que nunca valorizei tanto um ventilador ou um ar condicionado.
Ao mesmo tempo, uma pequena consideração sobre esses onze
meses que passaram. Para alguém que tinha dificuldade em passar uma semana fora
de casa, isso foi uma grande vitória. Para quem tinha medo de perguntar se
podia trocar um produto numa loja, isso foi uma grande vitória. Para quem
achava que sabia de tudo, isso foi uma grande vitória. Para quem tinha falta de
confiança muitas vezes, isso foi uma grande vitória. Não! Nenhum desses
problemas está resolvido, mas eu já aprendi muita coisa nova para lidar com
todos eles. Tiveram dias muito bons. Tiveram dias que eu pensei em me mudar
para cá no futuro. Tiveram dias muito ruins. Tiveram dias que eu chorei muito e
pensei em jogar tudo pro alto e voltar para casa. Mas em TODOS esses dias eu
senti que muitas coisas foram se fortalecendo dentro de mim. Em todos eles eu
guardei a saudade num cantinho do meu coração, porque ela sempre esteve
presente. Em muitos deles, a solidão bateu com força, mas eu sabia que do outro
do lado do oceano tem pessoas que gostam de mim, se preocupam comigo e pensam
em mim.
Já tem quase um aninho que eu estou aqui e logo é a hora de
voltar. Daí mais um choque, uma provável confusão de sentimentos, surpresas e
decepções e assim vamos tocando a nossa vida!
Com carinho para todos vocês, que se prestaram a ler todo o
blog até este ponto. Beijos e abraços suados da Saxônia,
Fernando (AKA Salsicha, AKA el coyote)