domingo, 5 de julho de 2015

De Março até começo de Maio

Olá amiguinhos!

Já tem tempo que não publico nada por aqui e vários acontecimentos já estão acumulados para uma só publicação. Por isso vou fazer duas publicações diferentes, assim ninguém se cansa muito lendo uma só publicação. A última vez que escrevi eu ainda estava nas férias de inverno daqui, e ainda deu tempo de conhecer alguns lugares legais.
Escrevo então, especialmente hoje, que faz onze meses que cheguei em Dresden.

Londres – Inglaterra

Entendam que eu não tinha mais grandes disponibilidades de tempo e de dinheiro antes de qualquer julgamento, mas acreditem: meu passeio por Londres teve a duração de um dia completo, pois cheguei muito tarde no dia anterior e fui embora bem cedo no dia seguinte. Mesmo assim, deu para fazer bastante coisa, mais do que eu esperava. Ainda mais, tive a sorte de ter um dia totalmente azul para o meu passeio, coisa bem rara em Londres. O meu tour foi praticamente feito todo a pé, e foi o tempo de andar por vários monumentos das cidades, como o Big Ben, a London Eye, a prefeitura de Londres, Tower Bridge – e ainda sentar e relaxar no The Regent’s Park e no Hyde Park. Eu não planejava isso, mas ainda tive a sorte de assistir à troca da guarda real no palácio de Buckingham. Estava ali bem perto andando e coincidiu estar perto da hora, daí só fiquei ali esperando um pouco e assisti.
A atmosfera de Londres é total de cidade grande. As pessoas não param um segundo, as coisas correm. Se você vê alguém tranquilo, andando lentamente e admirando as coisas, provavelmente trata-se de um turista. Bem no final do dia eu peguei uma linha de metrô que levava às redondezas do hostel que eu estava ficando. Eu estava tão cansado que cheguei a cochilar no trajeto. Mas não era bem isso que eu ia dizer: no caminho para a estação de metrô, eu me deparei com o céu de Londres numa cor surrealmente linda, ainda deixando mais nítido os desenhos dos arranha-céus. O que era mais chocante é que as pessoas andavam loucamente sem nem se preocupar com isso. Já eu fui diminuindo meu passo lentamente, até a hora que encostei num cantinho onde não passava ninguém, me sentei e fiquei olhando aquilo por uns 15 minutos.
Passado o episódio do cochilo no metrô, cheguei no hostel, liguei a internet, fiz uma comunicação de uns 5 minutos com meu irmão pra dizer que estava tudo bem e simplesmente caí na cama e dormi loucamente.

Me disseram que fui abençoado por ter esse tempo ensolarado. Dizem que é muito raro sol assim, em março, em Londres.













Rotterdam – Holanda

De Londres peguei um vôo até Eindhoven, na Holanda. Lá encontrei o Filipe e pegamos um trem para Rotterdam. Para ser bem sincero, eu não tinha pesquisado nada sobre Rotterdam. O Filipe almejava conhecer as casas cúbicas e tinha reservado “um hostel perto das casas cúbicas”. Ele me convidou para ir junto e eu pensei que poderia ser uma oportunidade interessante de conhecer um lugar diferente. Bom, eu nem sabia como era a cidade e agora posso vos afirmar que é uma cidade muito interessante. Ela meio que parece uma grande exposição de Arquitetura e Design, visto que a cidade tem muitos prédios bem estilosos e inovadores. Quando chegamos lá, o hostel que era para ser, teoricamente, perto das casas cúbicas, era na verdade “um dos cubos”, o que nos deixou bem eufóricos.
O Mercado de Rotterdam também é uma construção bem interessante que já tinha me chamado a atenção antes, pois ele foi um dos exemplos apresentados nas aulas de Urbanismo aqui na Alemanha. Para vocês verem: eu estava tão perdido e desinformado que eu nem sabia que eu estava indo para a cidade do mercado.
O povo de Rotterdam é bem na dele, tem um senso de humor agradável e sabem rir educadamente de situações bobas que nós, turistas, passamos. Não foram antipáticos em momento algum. Inclusive, enquanto passeávamos pela cidade, acabamos indo num parque onde estava tendo uma reunião de cachorros, e isso me deu uma saudade apertada do Kiko.

 Além de Filipe e Fernando, dá pra ver bem o teto do mercado nessa foto...


Danado no mercado













Estocolmo – Suécia (e o Stockholm Tap Festival)

Já em aula, tive que pedir para a professora que eu pudesse apresentar o trabalho na semana seguinte, pois na primeira semana de abril eu participaria do STOCKHOLM TAP FESTIVAL, em Estocolmo, na Suécia. Deixei Dresden no dia 31 de março, em que também foi o dia em que me despedi da Carem, pois ela voltou pra Florianópolis alguns dias depois (e deixou aqui comigo um monte de saudade). Pois bem, passei uma noite em Berlim na casa do Yuri e no dia seguinte peguei meu vôo para Estocolmo. Uma proposta um tanto fria, mas por uma excelente causa: participar do festival de sapateado de lá. Fiquei do dia 1º de abril até o dia 12, quando voltei para casa, e posso dizer para vocês, meus caros: foi o melhor investimento que eu poderia ter feito.
O STF seria mais ou menos um final de semana com várias Master Classes e eventos de sapateado como JAMs, Cutting Contest, Espetáculo etc; e depois a semana de “residências”, onde a gente escolhe uma proposta de um professor e trabalha especificamente ela durante a semana. O festival ainda ofereceu, para quem ia fazer os cursos, a possibilidade de ficar no alojamento (que nada mais era que uma escola de dança). Sim, eu acampei na sala de dança. Levei junto colchão de ar, roupa de cama e essas coisas. Para ser bem sincero, foi uma excelente ideia, porque fiz vários amigos de vários lugares do mundo e ainda economizei uma grana. E QUE GRANA! Estocolmo é uma cidade absurdamente cara, onde até as coisas no supermercado são caras!
A princípio eu pensei que eu ficaria totalmente sozinho lá, mas isso não aconteceu, porque: 1. O Renato, meu amigo sapateador do Rio de Janeiro, também foi para o festival porque ele ganhou bolsa! 2. Todas as pessoas foram extremamente gentis, simpáticas e acessíveis. Não é por nada, mas geralmente as pessoas da dança são assim. É aquela velha história: quem dança é feliz.
Contamos com aulas de professores muito bons, como Sam Weber, Jason Janas, Joseph Wiggan, Sarah Reich, Heather Cornell, Jason Samuels Smith e outros nomes fortes do sapateado internacional. Eu não sei medir o quão inspirador foi ter essa experiência. Ter a possibilidade de fazer aula com grandes mestres da atualidade, conhecer muitas pessoas talentosas de universos que não se resumem a Estados Unidos e Brasil (que era o contato que eu tivera até então), poder participar de um festival que é considerado um dos maiores do mundo. Saí dessa história totalmente renovado, com energias novas para investir no que gosto. O que pensei foi que, além de voltar ao Brasil com uma experiência na área de Arquitetura, eu ainda vou poder contribuir com a dança, que eu acredito ser tão importante quanto. Já tinha cogitado participar desse festival algum dia, mas este estava bem distante no meu calendário, pois não é tão fácil assim ir até a Suécia. Estando aqui perto, foi um sonho que se tornou realidade.

Eis alguns amigos que conheci em Stockholm. Todos sapateadores, da França, Bolívia, Polônia e Suíça (e eu e o Renato).

















Praga – República Tcheca (revisitada)

Sim, mais uma visita a Praga. Dessa vez, acompanhada dos meus queridos Barbosa e Yuri. Ambos ainda não tinham visitado a capital tcheca, e pelo fato desta ser a mais ou menos 2h de Dresden (de ônibus), eles aproveitaram o feriado de 1º de maio e vieram até aqui. Fomos juntos visitar o outro país. Como já disse a vocês, podemos visitar uma cidade mil vezes, sempre aprenderemos algo novo (mesmo porque elas estão em constante mudança). Essa nossa visita só confirmou a minha teoria. Dessa vez, a grande novidade foi a “casa dançante” (The Dancing House), do arquiteto tcheco-croata Vlado Milunić. Dizem que é um prédio de escritório apenas. Compartilho uma foto com vocês!
Poucas foram as vezes em que comi na rede de fast food Kentucky Fried Chicken. Na verdade, eu nem me lembrava da última vez em que eu tinha comido no KFC. Pois dessa vez propus que fôssemos lá e comêssemos um balde de frangos. Passamos mal.
Também posso dizer que foram poucas as vezes que eu dancei com alguma banda de jazz no meio da rua. Aproveitei a oportunidade em Praga e, desde então, isso tem se tornado um hábito. 
 













Um brinde de franguinhos do KFC. Eis que surge nosso enjôo depois.

















Sächsische Tour – Sächsische Schweiz

Dando continuidade a bela Saxônia, dessa vez conheci a Sächsische Schweiz, conhecida também como “Suíça da Saxônia” ou “Suíça Saxã”. Conhecemos, na verdade. Yuri e Barbosa me acompanharam nessa jornada, juntamente do nosso querido Caetano, também de Florianópolis. Caros leitores, vos afirmo que foi um passeio do qual não esperávamos tanta coisa divertida. Além de uma paisagem deslumbrante e de muitas flores colorindo o cenário, realizamos algumas trilhas subindo as montanhas de arenito e ainda andamos de pedalinho e de barco a remo. A temperatura já era agradável, o frio não afetava mais tanto e tivemos a sorte de pegar um belo dia. Pudemos desfrutar de sorvetes e outras coisinhas do tipo.
 
Meus caros amigos, fico por aqui hoje. Falei um pouco do que ocorreu em março, abril e começo de maio já. Na próxima publicação faço mais considerações do que aconteceu até agora em julho. O verão chegou, e chegou com muita força! Estamos circulando entre temperaturas de 26ºC (de noite) até 37ºC (de dia). Acho que nunca valorizei tanto um ventilador ou um ar condicionado.
Ao mesmo tempo, uma pequena consideração sobre esses onze meses que passaram. Para alguém que tinha dificuldade em passar uma semana fora de casa, isso foi uma grande vitória. Para quem tinha medo de perguntar se podia trocar um produto numa loja, isso foi uma grande vitória. Para quem achava que sabia de tudo, isso foi uma grande vitória. Para quem tinha falta de confiança muitas vezes, isso foi uma grande vitória. Não! Nenhum desses problemas está resolvido, mas eu já aprendi muita coisa nova para lidar com todos eles. Tiveram dias muito bons. Tiveram dias que eu pensei em me mudar para cá no futuro. Tiveram dias muito ruins. Tiveram dias que eu chorei muito e pensei em jogar tudo pro alto e voltar para casa. Mas em TODOS esses dias eu senti que muitas coisas foram se fortalecendo dentro de mim. Em todos eles eu guardei a saudade num cantinho do meu coração, porque ela sempre esteve presente. Em muitos deles, a solidão bateu com força, mas eu sabia que do outro do lado do oceano tem pessoas que gostam de mim, se preocupam comigo e pensam em mim.
Já tem quase um aninho que eu estou aqui e logo é a hora de voltar. Daí mais um choque, uma provável confusão de sentimentos, surpresas e decepções e assim vamos tocando a nossa vida!

Com carinho para todos vocês, que se prestaram a ler todo o blog até este ponto. Beijos e abraços suados da Saxônia,


Fernando (AKA Salsicha, AKA el coyote)